Mas voltou ao escritório, abriu a porta do gabinete e sentou-se na ponta da cadeira.
Maldito hábito,pensou.Tirou as pérolas do bolso do casaco e colocou-as sobre
a secretária, abriu sem vontade o dossiê para estudar as alienas do contrato
sem conseguir concentrar-se quando o
telemóvel tocou.
Atendeu de mau grado, mas era o gestor de conta do banco, a informar que tinha duas
prestações em atraso da compra da
habitação.
Provavelmente tinha esquecido, contas não eram com ele, não
devia ter saldo suficiente senão não lhe tinham ligado, agendou uma reunião
para o dia seguinte, para tratar do problema e então entrou na realidade, de
que precisava de trabalhar para poder pagara as contas. Entranhou a fundo no
estudo do contrato que estava incumbido. Era um contrato complexo e minucioso
com várias alíneas a serem limadas.
Não era o único que ainda estava a trabalhar, pois alguém
bateu energicamente na porta antes de entrar. Meteu apressadamente as pérolas
no bolso do casaco. E quando a porta se abriu ficou expectante! O director (
chamavam-lhe o GF que quer dizer o Grande Chefe) pessoalmente vinha-o informar
que tinha uma reunião marcada para daí a dois dias em Londres iria com a directora geral tratar do contrato
que tinham em mãos, pois não o podiam perder, uma vez que era uma mais valia
para a empresa. Aquiesceu mas ficou zangado e apertou as mãos dentro dos bolsos
para não estrangular ninguém.
Era tardíssimo quando saíu. Jantaria algo no regresso a
casa.
Quando entrou em casa meteu as pérolas dentro da caixa e deu
uma espiadela ao anel que lá se encontrava.Só nesse momento reparou num
pormenor muito interessante. O anel tinha sete pérolas sobrepostas noutras
sete. Sete. Que estranho ela tinha partido no dia 07 do mês 07 de 2007, tinha
sido há 7 anos! Que sincronismo! Tomou um duche quente e foi dormir. Amanhã era
outro dia e ameaçava ser bem árduo.
Autor :Piedade Araújo Sol